Coren-BA incentiva cuidado com a saúde do homem em evento do Novembro Azul
19.11.2014
O Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA) abriu espaço para o debate sobre a saúde do homem na manhã desta quarta-feira (19), em evento comemorativo à campanha Novembro Azul, que incentiva a prevenção ao câncer de próstata. Com o auditório lotado de profissionais de saúde, o evento contou com as apresentações das enfermeiras da área técnica de saúde do homem Isabela Salgado, representando a Secretária de Saúde de Salvador, e Simone Coelho, representando a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia.
A Política Nacional de Atenção integral à Saúde do Homem foi instituída em 2009 pelo Ministério da Saúde, por meio da portaria 1944/09. Uma observação importante, que acaba traduzindo o contexto e a dificuldade de se incluir o homem nos programas de saúde foi feita por Simone Coelho: “A atenção à saúde da mulher nasceu de uma manifestação popular, de uma necessidade manifestada pela sociedade, mas a política de atenção à saúde do homem nasceu de uma iniciativa política, a partir da análise dos dados indicando que os homens estão adoecendo mais e morrendo mais”.
Apesar do Novembro Azul focar no câncer de próstata, as profissionais fizeram questão de ressaltar a importância de se cuidar da saúde do homem de forma integral, uma vez que as maiores causas de mortalidade masculina estão concentradas em fatores externos (como a violência e acidentes), problemas relacionados à hipertensão, diabetes e neoplasias em geral. “Não podemos reduzir o homem a um órgão, é preciso tratá-lo integralmente. O homem deve entrar no sistema de saúde pela atenção básica, não pela atenção especializada. É preciso ampliar a discussão e entender do que o homem morre no Brasil”, pontuou Isabela Salgado.
Os dados mostram que a cada três mortes registradas, duas são de homens. Além disso, os homens têm morrido sete amos mais jovens que as mulheres. E embora o nascimento de homens seja maior, eles morrem mais que as mulheres. A cada 100 mortes de homens, 41 estão relacionadas a causas externas. No público masculino abaixo de 10 anos, a maior causa de morte é acidente envolvendo meios de transporte. Entre 11 e 39 anos, a maior causa são as agressões, especialmente os homicídios e acidentes de trânsito. Segundo a Sesab, enquanto 62,3% das mulheres fazem exames de rotina na rede pública de saúde, quando se fala nos homens este número cai para 46,7%.
O machismo, além das questões culturais e de gênero, que ditam que o homem tem de ser forte, não pode chorar, nem pode ser frágil, acabam contribuindo para o baixo índice de cuidado do homem com sua saúde. “É fundamental que sejam criadas políticas diferenciadas de atenção ao homem”, salientou Simone Coelho. Na Bahia, a população masculina é de 6,8 milhões. “É preciso mudar a visão do profissional, pois o acolhimento é fundamental neste processo”, destacou. Para ela, o homem não se cuida por razões socioculturais e institucionais, como o estereótipo do gênero, o medo de descobrir doenças, o papel de provedor, o horário de funcionamento dos postos e até as estratégias de comunicação que não privilegiam o homem.
O evento contou também com a presença dos conselheiros do Coren-BA, Maria José Cova e João Bartolomeu.